quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Muita Castanha e boa

Preço inferior ao da última campanha

Boa colheita, sinónimo de maior rendimento?  Pode não ser porque o preço da castanha não é determinado pelo produtor.


Nas terras altas da raia já há dez dias que se anda na apanha da castanha.


Este ano fiz a minha estreia, tendo apanhado várias cestas no primeiro dia. Todavia, se andasse à jeira, o patrão ficaria satisfeito com a minha produtividade? Para encher a cesta, com cerca de 10 kg, demorei sempre mais de uma hora!


O senhor Fernando, a dar uma volta nos castanheiros que tem perto da capela do Senhor dos Aflitos, ensinou-me a identificar as variedades judia e longal.



Hoje esteve um lindo dia  de sol de outono. No regresso de ida a Chaves, despachar castanha para o pessoal de Lisboa, passei por São Cornélio e  Roriz. Na primeira aldeia não encontrei ninguém a apanhar castanhas. Em Roriz, no ano passado, neste grande souto não as havia, devido à doença que tinha atacado os castanheiros. Como vi o trator encostei o carro à berma.


Aproximei-me. E quem foi que encontrei na apanha da castanha? A tia e a mãe do Ricardo, o "maçom" de Roriz!


O souto é do povo - ou da Junta? A família trá-lo de renda, a meias.  Em Roriz, tal como em Argemil, há terrenos baldios que são geridos pelas associações de compartes.


"O Ricardo foi para a Suíça". Que pena, pensei eu. Mais um jovem sem esperança de viver  feliz na sua terra. Perde Portugal, ganha a Suiça com mão de obra jovem, disponível para o trabalho, sem ter gasto um cêntimo na sua formação. 


Nem só castanhas se apanham nos soutos. "Gosta de níscaros?". Pelo-me por eles! A mãe do Ricardo, uma simpática senhora que já conhecia, ofereceu-me os que tinha no balde. Mas, como não sei prepará-los, tenho de perguntar ao Delmar ou à Juraci! De certeza que sabem!



Quando regressei a Travancas encontrei o Betinho na pesagem das castanhas. Há cada vez mais famílias  a tirar nelas o rendimento que as batatas deixaram de dar.


Este ano, embora o fruto dos frutos, como Miguel Torga se referia à castanha, já  tenha sido vendido a 2 euros o kg, no momento o preço varia entre 1,80 a judia e 1,10 a longal.  No ano anterior a mais cara chegou a ser vendida a 2,50 euros!



O intermediário de Chaves já tinha o camião quase cheio de sacos de castanha.  Não é o único a vir à montanha comprar castanha. Segundo ele, em São Vicente da Raia, situada a uma cota mais baixa, há pouca. A elevada produção não é geral, portanto!

Estimativas 
Argemil = 20 000 kg
São Cornélio = 2.500 kg
Travancas = 10 000 kg
Roriz = ?


Os magustos são a seguir!
Também estão aí as feiras da castanha em Carrazêdo de  Montenegro e em Vinhais.  Olá, Rural Castanea!  O pessoal de Travancas da Raia vai aí no domingo!




1 comentário:

Maria disse...

Olá!
Estão por aí? Pois estão bem,pelo menos mais longe dos ares conspurcados pela praga do circo.
Lindas,como sempre as suas fotos e tudo tão português...
É isto que querem abafar,matar, mas um dia ressurgiremos ,não sei se em Knossos ,se nos vulcões dos Açores.
Esse Ricardo é o exemplo de português expulso do seu país e ao qual faz muita falta! Sem os Ricardos não haverá reposição de gerações, nem seguranças sociais que acudam daqui a uns tempos. Em vez de Ricardos ,enriqueceríamos milionariamente se exportássemos politicotes! E para mais, o Deus de Ourique já nem nos pode mandar o Castelhano,porque o pobre também anda pelas rua da amargura.
Adoro castanhas e fiquei como o cão do Pavlov com imagens tão perfeitas.
Por aí batatas,castanhas e grelos amargos serão os melhores do mundo.
Bjs para vocês e para o Blogger sinceros Parabéns!