domingo, 6 de setembro de 2015

Flores de Arzádegos

Ofrecidas a Trabancas

Señora Placida, uma simpática mulher de Arçádegos, aldeia galega ao lado de Travancas, ofereceu-me há dias um ramo de flores, das que tem plantadas na sua horta e cuja oferta aceitei, para trazer à minha mulher, como complemento da prenda de aniversário de casamento.


Mas, de Arçádegos, nos últimos dias,  não vieram apenas as flores. Para a procissão do Senhor dos Aflitos, o senhor padre da aldeia, Don Digno,  autorizou  o empréstimo  da bonita imagem de Nossa Senhora das Dores, para que uma família de São Cornélio pudesse cumprir a promessa. 


A título de curiosidade, a foto do andor de cima foi tirada por mim, na procissão da festa da padroeira de Arçádegos,  deste ano. Nós, em Travancas, na procissão do Senhor dos Aflitos,  temos sempre muitos andores, enormes, carregados aos ombros. Os nossos vizinhos galegos, pelo contrário, levam apenas um e pequeno, como quem carrega um caixão ou uma padiola.  Embora sem tanto sacrifício, a devoção, no entanto, deve ser igual!


  O encontro com a Dona Plácida deu-se aqui, perto da bonita fonte de mergulho que o Concelho de Vilardevós mandou restaurar há anos atrás, quando fez obras de recuperação de caminhos por onde passavam os contrabandistas. 


Lavadouro público, junto ao Rigueiro da Fraga, usado pelas lavadeiras, numa época em que não havia ainda máquinas de lavar roupa. 


"xa fun tres veces a Fátima", confidenciou, orgulhosa da sua peregrinação ao santuário, a Dona Plácida, sogra de um rapaz de Argemil da Raia.


E quen di que de Arzádegos non vén bo matrimonio, santo milagreiro e flores perfumadas?



2 comentários:

Anónimo disse...

“Se não lebaides a mal!”


Se creis que bos diga, eu até me comobo sempre que bisito os Blogues que falam das NOSSAS ALDEIAS.
Não é por nada, mas como sou natural duma ALDEIA pequenina como um chícharro, mas linda de morrer e mais antiga, mas muito mais antiga que a Sé de Braga ou o dia da binda de Cristo-rei ao mundo, tenho uma afeição, de muito cá do fundo do coração, às NOSSAS ALDEIAS-
É berdade que me falta bisitar (conhecer conheço-as, de histórias que oubi e ouço contar, das que leio e «beijo» no Blogue do Sr. Fernando Ribeiro, o Blogue “CHAVES”, onde, ós fins de semana, não falha com a apresentação de retratos, e lindos, e histórias desses lugares).
Pois este Blogue afixou-me a ideia de bir aqui com frequência. Põe fotografias fantásticas, fala das tradições e dos usos, das pessoas ilustres e famosas tal qual das mais singelas daí, dessa “MONTANHA da RAIA”, e, assim, qualquer bisitante anda sempre com bontade de boltar.
Bem também tenho de bos dizer que por aí pela Bossa Freguesia, assim bem como pelas bizinhas, tibe e tenho bons amigos.
Por um certo pudor é que não tenho bindo aqui referir-me a eles, inté porque bós, quer-se dizer, a maior parte de bós não me conhece pessoalmente, e a estranheza poderia incomodar-bos - o que não quero nunca que aconteça.
Se a Ponte da Pulga inda hoije tibesse a serbentia doutros tempos, ai que não, que inda se lembraria de mim!
Mas lembrom’eu desse território, e não m’esqueço da rasteira que o sol, na Bulideira, me pregou, a conbidar-me a seguir pra Segirei, e, quando descia para Abeleda, um nevão do caraças, caído que nem um raio, me deixou birado do abesso!
Baleu-me o Sr. dos Aflitos, que lhe pregou um balente susto em Argemil! Dái prà Bulideira eram só uns floquitos para molhar o pára-brisas!
Ai! Como por aí, daí, há, felizmente, muita gente «estudada», «doutorada», dai-me licença para estender-lhes a minha cortesia nesta escrita: -então, digo-bos, que se o meu amigo «franciú» Deleuze, mai-lo seu compadre Gauttari, tibessem bindo, um dia, fazer uma cura às “CALDAS de mais Birtude” (eles não tinham lido Torga!) ‘stou combencido que em bez de «Mille Plateaux» teriam escrebido “MIL e UM PLANALTOS” - onde no «UM» contariam o Modo de Bida dessa comunidade da “MONTANHA da RAIA”, num modo de ber , deculpaide-me a palabra, antropológico.
Eles, inté se porbassem uma rodela do bosso salpicão com uma fatia de pão centeio, ‘stouque já nem boltabam para a França! Ou atão, olhaide, os rapazes e raparigas que daí por lá andam bem que tinham de ajeitar um sítio nas malas quando regressassem, no fim das férias, ao «Departement», para lhes lebar os mimos com que daí foram a lamber os beiços!
E para terminar, lembro AOS de Argemil qu’inda não m’esqueci do combite para um Magusto!
Saudações flavienses
M., 09 de Setembro de 2015
Tupamaro

PEREYRA disse...

Já não falta muito para os magustos!
Diz aos de Argemil que aceitas o convite deles para o magusto na montanha da raia, e no regresso, por Travancas, pára na casa que diz à porta "Entre quem é", para fazermos cá uma TERTÚLIA, à lareira, com mais lambões como tu. Conto contigo para ires apanhar as castanhas, as assares e declamares algumas poesias da tua lavra. Confirma.