domingo, 8 de outubro de 2017

Obrigado, Paulo

Homenagem a um autarca do povo

A foto que não lhe tirei e que falta aqui, para grande mágoa minha, acredite, é aquela em que  o imagino na sua secretária, ladeado das bandeiras da freguesia, do concelho de Chaves, de Portugal e da União Europeia, a desempenhar as funções que lhe foram confiadas, enquanto primeiro Presidente da Junta da União das Freguesias de Travancas e Roriz.



Conheci-o no final de  2013, quando fui a sua casa para tratar do pagamento de uma campa, e oferecer-me para colaborar com a autarquia em questões de âmbito cultural.

Nos quatro anos em que esteve como "regidor" descobri em si um homem de bem, de palavra, reto, generoso e dialogante, sem abdicar dos valores que defende para lema da autarquia "Unus pro omnibus, omnnes pro uno".



Para o Paulo, a água, essencial à vida, é um direito inalienável do ser humano, tal como o ar que respiramos. A sua atuação, enquanto cidadão e autarca, está em consonância com os princípios  defendidos pela Carta  das Nações Unidas.



A obra-prima do seu mandato, a captação  de água no Vale Grande, para abastecer Travancas e Argemil, é uma infra-estrutura que, durante dezenas de anos vai contribuir para o bem-estar e a qualidade de vida da população da freguesia.


O acesso livre de todos à água  foi a sua grande preocupação. Enquanto outros autarcas entregaram a captação e distribuição da água a entidades que visam fins lucrativos, o Paulo foi dos raros autarcas que se bateu, mesmo no seu partido, para que a água continuasse a ser do povo e para o povo.

Ganhou uma batalha mas a guerra da água movida à autarquia está longe de ter terminado.



Mesmo que não tivesse apresentado mais obra, o que fez  para assegurar o abastecimento de água, em qualidade e quantidade, já bastaria para ficar na história da freguesia como um autarca de visão larga, merecedor de ser recordado com respeito.

Não me cabe a mim fazer o balanço da obra realizada mas, mostrar  o homem público que descobri: de carácter, simples, altruísta e incansável trabalhador em prol do bem comum.



O calcetamento de uma parte da Rua 1º de Maio, de maior movimento  e a que apresentava o pavimento de paralelepípedo em pior estado de conservação, foi  o happy end com que terminou em Travancas o seu mandato.


Aliás, o calcetamento das artérias da aldeia, como o da Rua 5 de Outubro e da Rua do Cemitério, foi uma preocupação constante, ao longo de todo o mandato. 


Por razões profissionais e familiares  que lhe acarretaram sacrifícios, teve de passar parte do tempo na zona de Cascais, onde nos encontrámos, concretamente,  na Boca do Inferno, mais que uma vez, para falarmos do andamento  do projeto de dotar  a freguesia de símbolos autárquicos. 



O tempo passou, o sonho do museu andou a passo de caracol - o homem sonha, a obra nasce -   e o brasão não ficou acordado, em definitivo, com uma Comissão  de Heráldica enquistada ao passado.

Outro autarca, insensível a questões culturais, em fim de mandato, por oportunismo político, com o intuito de colher votos, ter-se-ia deixado aliciar por propostas de brasão autárquico que não contemplam cabalmente a idiossincrasia do homem montanhês e raiano, nem a geografia e  história locais. 


O Paulo é carteiro. Desconheço o seu grau de instrução mas a sua atuação, enquanto presidente da Junta de Freguesia de Travancas e Roriz, vem mostrar  que o valor do autarca modelo não se mede pelo título académico nem por mais betão inimigo do ambiente mas pelo empenho dedicado à rex publica e ao crescimento sustentado.


Até sempre, Paulo



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