quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Prenda de Natal

Que rico par de meias!

Este ano, na distribuição de prendas de Natal,  na noite de Consoada, recebi um par de meias. No meu íntimo, sem ofender ninguém, foi a prenda de que mais gostei; por gostar deste tipo de meias tradicionais; por elas me fazerem recordar do tempo em que a tia Marquinhas as fazia em lã de ovelha e mas oferecia; E pela agradável surpresa.  Um segredo que a minha mulher bem guardou. 


Não resisti à tentação e já as calcei. Estou contente, tenho os pés quentes como o borralho! Nós, às vezes, complicamos tanto a vida! Andamos à procura de prendas caras quando coisas tão simples, à nossa mão, podem fazer outros sorrir e serem felizes.  


Obrigado senhora Maria pelas meias. Depois de me ter dado, quando nos despedimos, as bolachas para os netos, que  eu, guloso, comi, não estava nada à espera de outra prenda sua. Oxalá Deus lhe dê saúde e pernas para andar.



Este ano, esta minha vizinha, devido à operação ao joelho, não me ajudou, como no ano anterior, a apanhar castanhas. Levei-lhe umas tantinhas numa cesta; não por ter guardado dos pastores o souto em frente à sua casa, mas por saber que, sendo viúva, tendo os filhos e netos longe, vivendo sozinha e apoiando-se numa bengala para andar,  não as podia apanhar.
Aceitou as castanhas com relutância, só depois de lhe pedir que me deixasse ser instrumento  do Criador de todas as criaturas e de todas as coisas visíveis e invisíveis do universo.



A amizade é um valor incalculável que em Travancas ainda marca muito as relações de vizinhança. Com a família da senhora Maria, a amizade entre o seu marido e os meus sogros, transferiu-se para os filhos. 



Na véspera de Natal, mexendo numa gaveta da secretária onde escrevo, à procura de etiquetas para colar num embrulho, encontrei este cartão, dirigido pela Fátima - filha da D. Maria - ao meu Pedro, escrito em Boulogne (Paris) no dia 28-01-2006, portanto há 10 anos. Lendo o texto, só quem não tem amigos é que não sabe dar valor à amizade, nobre sentimento capaz  de transformar a troca mercantil das prendas natalícias num autêntico dom.




2 comentários:

Anónimo disse...

Estava há muito tempo à espera de noticias de Travancas. Fiquei contente de ver os porcos mortos que saudades obrigado por fazer isso tudo, com essas imagens démos contact do que perdemos em estar longe. Muito obrigado bom ano muita saúde, paz e alegria.

PEREYRA disse...

Bem haja, Anónimo!
Os seus votos são bem acolhidos e retribuídos com estima.