quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A moda em São Cornélio

Elogio à raiana da montanha

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
In Garota de Ipanema
Compositores, Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim


Haverá algum homem que  não aprecie a vaidade feminina?
A vaidade começa na infância ou aprende-se? Qualquer menina, nas suas brincadeiras, experimenta os saltos da mãe e os batons. Contudo, a vaidade será própria do género feminino ou é um fenómeno cultural? Os especialistas dividem-se.



Há tempos atrás, passeando por um centro comercial, a fazer hora para ir à oficina buscar o carro, parei a olhar para um grupo de cinco manicuras  a arranjar as unhas a outras tantas senhoras de diferentes faixas etárias.


Fixando nelas o olhar, dei comigo a pensar. Porque "perdem" tanto tempo as mulheres a cuidar das unhas, a pintar o cabelo e os lábios ou a fazer tratamentos de beleza ao rosto? O que as motiva a valorizar o corpo? Porque seguem os padrões de beleza ideal e a última moda? 


Poucos dias depois dessa inesperada reflexão,  fui até São Cornélio, à festa do padroeiro, e fiquei agradavelmente "surpreendido" com a estética das toilettes  femininas.  Sempre ouvi dizer que, antigamente, em jeito de elogio, as mulheres da cidade de Chaves se arranjavam bem. Bom, no dia da festa, pela amostra do calçado e dos pés, as raianas de hoje não lhes devem ficar atrás!




Será por as mulheres serem vaidosas que Jean Jacques Rousseau,  famoso filósofo francês, da Época das Luzes, escreveu que "As mulheres constituem a metade mais bela do mundo"?






A mulher não é objeto, é a Eva companheira do homem. Durante a Revolução Cultural na China, os maoistas, com a sua famosa frase «As mulheres detêm metade do céu», estavam a proclamar que não podia haver emancipação da humanidade sem a participação e a emancipação de metade da sociedade – as suas mulheres.


Num elogio às mulheres das terras da raia, termino com um excerto do bonito poema da música "Garota de Ipanema"


Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo

In Garota de Ipanema
Compositores, Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim






domingo, 14 de agosto de 2016

Procissão de São Cornélio

Festa em honra do padroeiro da aldeia

São Cornélio, santo padroeiro da aldeia que leva o seu nome, na freguesia de Travancas e Roriz, tem a festa em sua honra, celebrada a 14 de agosto, de há uns anos a esta parte, para a ela poderem estar, diz-se, os emigrantes.


O dia do santo, no entanto, é  festejado pela igreja católica no dia 16 de setembro, juntamente com o de São Cipriano.


Inicialmente, o Dia de São Cornélio até foi celebrado a 14 de setembro, pois, segundo relato de São Jerónimo, no século IV, terá sido nesse dia que ele e o seu amigo, São Cipriano, bispo de Cartago - cidade da Tunísia - foram decapitados, às mãos dos romanos, por não renegarem a fé cristã.


Os sinos da igreja de São Cornélio repicaram dia 14 de agosto, chamando os fieis à celebração da eucaristia.
Dezenas de paroquianos de Argemil, Travancas, São Cornélio e emigrantes, encheram a igreja, enquanto alguns deles preferiram ficar fora, no adro.


 Terminada a missa, formou-se uma procissão com  três andores, para dar a volta à aldeia.




Os andores, bem enfeitados, encomendados a floristas de Chaves, são levados aos ombros dos pagadores de promessas, acompanhados por familiares e amigos.


Dois dos andores eram promessas a Nossa Senhora de Fátima,  o que denota, pela sua influência, a importância que tem para  a fé de muitos devotos.


O terceiro andor era o do padroeiro, acompanhado por um numeroso grupo. Nele, vê-se a imagem de São Cornélio  com  os símbolos da autoridade papal.



A "Charanga Ideal", de Verín, Galiza, acompanhou a procissão, tocando conhecidos temas religiosos.







A procissão, já quase a terminar a volta à aldeia.






Promessa cumprida!


De tarde e no arraial, no palco montado no largo ao lado da igreja, houve música, para aqueles que valorizam, na festa do padroeiro, a vertente lúdica, No bar da Comissão de Festas, quem quisesse, podia beber uns copos com amigos ou bailar uma moda.


Nota:
À noite dividi-me e, depois de passar pelo arraial, fui até ao outro lado da raia espreitar a festa de Arçádegos, aldeia onde também se encontrava gente de Argemil e Travancas.







segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Verão na praia de Segirei

Novidades: nova gerência do bar e presença de cães

A praia fluvial de Segirei, na vizinha freguesia de São Vicente da Raia, todos os anos, na época  balnear, atrai , diariamente, dezenas de veraneantes das aldeias raianas, tanto portuguesas como galegas, assim como de emigrantes a gozar férias nas terras de origem.


Aqui, residentes de Argemil  em  ameno  convívio, à volta da mesa redonda, com amigos e vizinhos, um dos quais, o senhor Mário, é Presidente da Junta de Freguesia de São Vicente da Raia.


Este ano, a exploração do bar que presta serviço aos banhistas e a grupos que usufruem do espaço arborizado  para fazer piquenique,  mudou de gerência. Com a vinda dos proprietários, um casal luso-espanhol, vieram também as informações do menu em castelhano, sem tradução para português  e ´as "tapas" do outro lado da raia.


A acompanhar a Sagres - gracias que a cerveja nacional continuou a ser servida - deixei de poder petiscar tremoços e amendoins!  Também senti algumas dificuldades de comunicação por falta de conhecimento da língua de Camões, chegando a ter a sensação de me sentir estrangeiro em Segirei, território nacional!



Mas o que mais estranhei relativamente a anos anteriores,  foi a circulação de cães, aos seis e até mais, por entre  os frequentadores do espaço público, sem que os donos se sentissem constrangidos de os levar para a água, ao lado de banhistas.




No entanto não vi ninguém preocupado com a saúde pública. A falta de educação para a cidadania, de muitos portugueses, conduz ao laxismo, ao deixa andar. Indignado com o que presenciava, interpelei alguns dos donos mas, perante a reação agressiva e temendo levar alguns sopapos, ou ter os pneus do carro furados, participei as anomalias à Junta de Freguesia de São Vicente da Raia, proprietária do espaço público.



O senhor Mário, Presidente da Junta, foi cortês comigo.  Prometeu falar com os proprietários do bar e colocar placas com a indicação de que não era permitida a presença de cães na praia.  O verão passou sem que a medida fosse tomada. A solução foi deixar de ir à praia. Uma pena a saúde dos utentes não estar em  primeiro lugar.


A praia de Segirei não é só um logradouro público aprazível. É também lugar de passagem de caminheiros, adeptos da Natureza, e de peregrinos de Santiago de Compostela, não sendo raro  vê-los passar com a mochila às costas. 


Este solitário peregrino espanhol veio de Castela, pelo ramal sul do Caminho da Prata que passa por Bragança e Vinhais. De Vinhais até Segirei  e da aldeia até Vilardevós, na Galiza, a rota está devidamente assinalada



Pelas terras altas da raia, ir de Travancas à praia de Segirei  e regressar com histórias de encantar,  acerca de javalis e corças que se atravessam à nossa frente, ou de aves que se avistam na berma da estrada e a voar, é uma viagem que nenhum de nós pode perder!


Por todos os seus atrativos, a ida à praia fluvial de Segirei, no Rio Mente, é um mergulho na Natureza!