segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Aqui estão os reis à porta

Rei dos reis


Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, guiados por uma estrela, chegaran a Jerusalém  uns magos vindos do Oriente.




Sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino  com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 
Evangelho segundo S. Mateus, 2, 1-12


Ouro, incenso e mirra eram presentes preciosos, dados a reis, sacerdotes e profetas. Na tradição bíblica, o ouro simboliza a realeza de Jesus, Rei dos judeus. O incenso, fumo purificador do templo,subindo ao céu, simboliza a espiritualidade do Mestre ou Rabi. E a mirra, resina usada desde o Egipto, nos embalsamentos, simboliza a imortalidade, a ressurreição depois da morte no Calvário.

Até meados do século XX, o costume de dar prendas aos meninos na época do Natal, tal como os reis magos deram a Jesus, salvo uma ou outra exceção, era inexistente nos meios rurais. A partir dessa altura, a emigração e os meios de comunicação de massa trouxeram hábitos de consumo urbanos, às aldeias.

Entretanto, o dia 6 de janeiro deixou de ser feriado religioso,  e a entrega das prendas, que até então se fazia no Dia de Reis, foi-se perdendo, passando, aos poucos, a ser feita no Natal.



Outras tradições natalícias que se têm vindo a enrraízar nas últimas décadas, são os costumes de enfeitar o pinheiro de Natal e fazer o presépio, tanto dentro da igreja e em lugares públicos, como na privacidaade dos lares. A origem do presépio é no entanto antiga. O primeiro apareceu em 1223, em Itália, feito por São Francisco de Assis.



 
Na cultura globalizada e descristianizada em que vivemos mergulhados, os presentes não são entregues às crianças por reis magos ou pelo Menino Jesus, mas pelo Pai Natal, "Père Noel" ou "Santa Claus", sucessores de São Nicolau, nascido na Turquia, Ásia Menor. Nesta cultura consumista já não são apenas as crianças a receber presentes.  Faz-se a troca generalizada de prendas entre adultos.

Longe vão os tempos em que se ia a pé, de Travancas a Arçádegos, no país vizinho, comprar muñecas e caramelos para dar às crianças no Dia de Reis.  O texto "Boas Festas, dão-me os Reis"  escrito por Mariana, é o testemunho de alguém que era criança, em meados do século XX.



 
Nesta época de janeiro, as tradições mais antigas dos meios rurais, com algum risco de se perderem  irreparavelmente, são os costumes de "Ganhar os Reis" e cantar as Janeiras ou "Cantar os Reis", como se diz em Trás-os-Montes.

 

Aqui estão os reis à porta
Dispostos para cantar
Se os senhores nos dão licença
Nós os vamos começar



Mas, com tanta falta de gente, ainda se cantam os reis em Travancas?
Que falta faz uma Associação Cultural que dinamize e recupere estas ricas tradições!
Argemil, Travancas, Roriz e São Cornélio, por todos, vamos a isso?





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