sábado, 25 de janeiro de 2014

Sonho americano

Música de Joe Dassin, versão francesa de Yellow River


Este motociclista é um filho de Travancas, da família dos Melo. Tem passaporte português e...  coração americano!




Mes amis, je dois m´en aller
Je n´ai plus qu´à jeter mes clés
Car elle m´attend depuis que je suis né
L´Amérique

J´abandonne sur mon chemin
Tant de choses que j´aimais bien
Cela commence par un peu de chagrin
L´Amérique




Denis emigrou para os Estados Unidos, depois de ter estado em França. Na terra de sonho, a sua grande paixão são as Harley. Com os amigos percorreu,  na sua motocicleta, os estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul, Virginia, Kentucky, Pensilvania, Vermont,  Massachussets, Tennesse, Geórgia, Delaware, Nova Hampshire e o Canadá.




Mes amis, je vous dis adieu
Je devrais vous pleurer un peu
Pardonnez-moi si je n´ai dans mes yeux
Que l´Amérique

Je reviendrai je ne sais pas quand
Cousu d´or et brodé d´argent
Ou sans un sou, mais plus riche qu´avant
De l´Amérique




















L´Amérique, l´Amérique, je veux l´avoir et je l´aurai
L´Amérique, l´Amérique, si c´est un rêve, je le saurai

Tous les sifflets des trains, toutes les sirènes des bateaux
M´ont chanté cent fois la chanson de l´Eldorado
De l´Amérique






A casa  do emigrante motociclista  na cidade de Bridgeport, Connecticut, Estados Unidos.  Uma típica casa americana, sem muros a separá-la da rua!



Nevada de 09-02-2013

Bridgeport, situada 100 km a norte de Nova Iorque, é um cidade de invernos rigorosos, onde a neve, por vezes, chega a ter dezenas de centímetros de altura. As nevadas de Travancas, em comparação, são suaves; enchem o olho sem causar transtornos à mobilidade de pessoas e bens.




L´Amérique, l´Amérique, si c´est un rêve, je rêverai
L´Amérique, l´Amérique, si c´est un rêve, je veux rêver
A América, a América, se é um sonho,  eu sonharei
A América, a América, se é um sonho,  eu quero sonhar





Denis, exceto a letra da música, da versão francesa de Yellow River, a informção e as fotos foram tiradas do teu blogue Travancas Native. Espero que te sintas tão bem em Travancas da Raia como eu gosto de te ter cá, até porque tu próprio és Travancas... na diáspora!


A propósito, fica o convite aos emigrantes, visitantes do blogue, para colaborarem em postagens, dando visibilidade a quem está longe dos olhos, perto do coração!

EUA - Costa Leste - White Plains, Mount Vernon, Kennesaw ...
Brasil  - Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo...
Bélgica - Flandres,  Hainaut, Bruxelas...
Suiça - Genebra,  Valais, Zurique, Friburgo, Graubunden...
Espanha - País Basco, Catalunha, Galiza, Valladolid, Madrid...
Andorra
Alemanha
França - Região de Paris, Alsácia ...  Salut Erstein!






sábado, 18 de janeiro de 2014

Adeus Augustinho

Comoção na partida para a Eternidade


Augusto Santos, carinhosamente tratado por Gostinho, partiu para sempre, aos 47 anos, deixando dor e tristeza entre aqueles que o conheceram e amaram. Um mar de gente despediu-se dele, acompanhando-o até à última morada.




Foi neste lameiro, no Vale da Bouça, pelas 15 horas do dia 10 de janeiro de 2014, que tombou, ad aeternum, um dos homens mais novos da aldeia. O coração de Gostinho parou de pulsar quando andava, como sempre, atrás das vacas, sua grande riqueza. 
 
 
 
 
Um homem trabalhador e solidário.
Em público, era habitual vê-lo nas matanças, nas ceifas, no arranque das batatas, a tocar as vacas, a pisar as uvas no lagar e nos intervalos da labuta, no Café Central, à conversa com vizinhos e amigos.
 
 
 
 
 
De compleição robusta, faces rosadas e percetível boa disposição, Gostinho tinha aparência de homem que goza de saúde rija. O coração, no entanto, atraiçoou-o.
 
 
 
 
 
 
 
 

Descansa em paz, Gostinho.
 
 
 

À família enlutada: mãe, irmãos e sobrinhos, sentidas condolências pela perda do ente querido.
 
 
 
 


Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
 
Chico Xavier 
 
 
 
 
Com o término da caminhada terrestre, finda a alegria de encontrar mais cogumelos gigantes.
 
 
 
 
Fiel amigo, de sentinela à vacaria do dono, que não volta mais.
 
 
 

 Adeus, até à Eternidade




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Aqui estão os reis à porta

Rei dos reis


Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, guiados por uma estrela, chegaran a Jerusalém  uns magos vindos do Oriente.




Sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino  com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 
Evangelho segundo S. Mateus, 2, 1-12


Ouro, incenso e mirra eram presentes preciosos, dados a reis, sacerdotes e profetas. Na tradição bíblica, o ouro simboliza a realeza de Jesus, Rei dos judeus. O incenso, fumo purificador do templo,subindo ao céu, simboliza a espiritualidade do Mestre ou Rabi. E a mirra, resina usada desde o Egipto, nos embalsamentos, simboliza a imortalidade, a ressurreição depois da morte no Calvário.

Até meados do século XX, o costume de dar prendas aos meninos na época do Natal, tal como os reis magos deram a Jesus, salvo uma ou outra exceção, era inexistente nos meios rurais. A partir dessa altura, a emigração e os meios de comunicação de massa trouxeram hábitos de consumo urbanos, às aldeias.

Entretanto, o dia 6 de janeiro deixou de ser feriado religioso,  e a entrega das prendas, que até então se fazia no Dia de Reis, foi-se perdendo, passando, aos poucos, a ser feita no Natal.



Outras tradições natalícias que se têm vindo a enrraízar nas últimas décadas, são os costumes de enfeitar o pinheiro de Natal e fazer o presépio, tanto dentro da igreja e em lugares públicos, como na privacidaade dos lares. A origem do presépio é no entanto antiga. O primeiro apareceu em 1223, em Itália, feito por São Francisco de Assis.



 
Na cultura globalizada e descristianizada em que vivemos mergulhados, os presentes não são entregues às crianças por reis magos ou pelo Menino Jesus, mas pelo Pai Natal, "Père Noel" ou "Santa Claus", sucessores de São Nicolau, nascido na Turquia, Ásia Menor. Nesta cultura consumista já não são apenas as crianças a receber presentes.  Faz-se a troca generalizada de prendas entre adultos.

Longe vão os tempos em que se ia a pé, de Travancas a Arçádegos, no país vizinho, comprar muñecas e caramelos para dar às crianças no Dia de Reis.  O texto "Boas Festas, dão-me os Reis"  escrito por Mariana, é o testemunho de alguém que era criança, em meados do século XX.



 
Nesta época de janeiro, as tradições mais antigas dos meios rurais, com algum risco de se perderem  irreparavelmente, são os costumes de "Ganhar os Reis" e cantar as Janeiras ou "Cantar os Reis", como se diz em Trás-os-Montes.

 

Aqui estão os reis à porta
Dispostos para cantar
Se os senhores nos dão licença
Nós os vamos começar



Mas, com tanta falta de gente, ainda se cantam os reis em Travancas?
Que falta faz uma Associação Cultural que dinamize e recupere estas ricas tradições!
Argemil, Travancas, Roriz e São Cornélio, por todos, vamos a isso?





Boas Festas, dão-me os Reis?

Era assim...

...ganhavam-se,  davam-se e cantavam-se os Reis, a partir do dia 6 de janeiro, por terras do Alto Tâmega.
E havia sempre que dar. Tal como os Reis Magos presentearam o Menino, também às generosas gentes transmontanas não faltou nunca que deixar nas saquitas  humildes das crianças ganhadoras e cantadoras dos Reis -  castanhas, figos, nozes, chouriças...
Em terras raianas, tudo se confundia e misturava: a língua, as gentes, as tradições...
 
Como recordo com saudade aquele 25  de dezembro em que o Menino Jesus nos deixou a mim e à minha irmã um bilhete, dentro de um soquinho, com latinha amarela na biqueira!
Dizia mais ou mmenos isto: "Como a neve está muito alta, o Menino Jesus não pode viajar. Mas no dia de Reis vou a Arzádegos, levar os presentes aos meninos; passo por Travancas e deixo-vos os Reis."
Acreditámos piamente. Se a letra nem era igual à dos pais, não havia que duvidar!
No dia seis, lá estava a boneca de papelão, espanhola, claro, para a minha irmã, e uma caixa de galletas todas coloridas, para mim!

 Hoje, como então, apetece repetir:
"Boas Festas, darão-me os Reis?"


 Texto escrito por Mariana