terça-feira, 12 de novembro de 2013

Verão de São Martinho

 Uma volta ao Senhor dos Aflitos

É costume, por volta do dia 11 de novembro, surgirem dias de sol,  designados, na Europa, por verão de S. Martinho.
 
 
 
Este ano, impulsionado pela convidativa luminosidade, deixei a plantação dos bolbos de tulipas e fui de bicicleta até ao Senhor dos Aflitos para,  pelo caminho, apreciar as cores do outono.
 

Uma lenda associa o bom tempo, nesta época do ano, ao espírito de partilha de São Martinho.
 

Reza essa lenda que, "num dia frio e tempestuoso de outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado no seu cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio..."
 

"...O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes".
 
 

"...Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade".
 
 
 
 
"... Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente, como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade".  
 

"...Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias".
 

 "...Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, a que se passou a chamar verão de S. Martinho". 
 
 
São Martinho, símbolo de partilha
 

Filho de um oficial do exército romano, São Martinho nasceu na Hungria, no ano de 316. Em França, onde viveu, foi bispo de Tours.
 

O seu gesto generoso, de partilha da capa com um pobre, é fonte de inspiração para a prática de atos de partilha, de castanhas e vinho no seu dia.
 
 
Reconhecendo a  importância da solidariedade no mundo globalizado, como a partilha da água, o Conselho da Europa, em 2005,  considerou-o "personalidade europeia, símbolo de partilha". 
  

O popular santo foi um dos primeiros grandes viajantes europeus. Reconhecido como valor comum europeu a preservar, o Conselho da Europa  incluiu o Caminho de São Martinho, rota turística recentemente criada, na rede europeia de itinerários culturais.
 
 
Na volta ao Senhor dos Aflitos, subi ao alto de Roriz, de onde se avista São Vicente da Raia, e percorri os caminhos lamacentos que, de Argemil e São Cornélio, levam ao santuário.
 

Foi um revigorante passeio de São Martinho!
 
 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A Apanha da Castanha

Ouro da agricultura

Travancas, freguesia  situada à mais alta altitude, no concelho de Chaves, está  integrada na Terra Fria transmontana, região  de maior produção de castanha em Portugal.
 

Na apanha, não se pagam jeiras. O trabalho é feito por familiares, vizinhos e amigos. Nesta época  do ano, há quem venha à terra ao fim de semana ou tire férias, para as apanhar.


No  outono, quando a castanha fica madura, os ouriços arreganham-se, deixando-as cair. As primeiras começam a pingar em outubro, com a chuva e o vento.


São muitas as famílias que nas aldeias da freguesia - São Cornélio, Roriz, Argemil e Travancas - se dedicam à apanha.
 
 
O objetivo é vender a castanha aos intermediários que sobem ao Planalto de Travancas, à procura do fruto. A castanha transmontana tem saída nos mercados consumidores porque tem fama de ser de boa qualidade.
 
 
No passado, comercializava-se alguma castanha mas não havia tanta procura como agora.  O aumento é induzido pela indústria de chocolate  e pelo consumo de doces e bolos de castanha.
 
 
 
Nesse tempo era descascada para dar aos recos e  a de melhor qualidade destinava-se principalmente a ser consumida. Quem  não se lembra do caldo de castanha, da castanha cozida ou assada nos magustos?
 
 
Atualmente, na União Europeia, há escassez de castanha, estimando-se que seja necessária a plantação de 40 mil hectares de souto, nos países produtores - Espanha, Portugal, França e Itália.


A variedade de castanha judia, a de maior calibre, é também a de maior rendimento. Os intermediários estão a pagá-la a 2 € ao produtor, por 1 kg. Ao consumidor, porém, nos centros urbanos, é vendida a 4€ ou mais.
 
 
A castanha longal, também com forte produção na freguesia, apesar de ser mais saborosa que a judia, tem menor valor comercial porque é de calibre inferior. Sendo de menor procura por parte dos consumidores, os intermediários estão a comprá-la a 1,25 €.
 

Nos últimos anos, aumentou a plantação de castanheiros na União de Freguesias de Travancas e Roriz. A tendência é para a área de soutos se expandir, correspondendo ao aumento da procura de castanha e ao bom  preço pago ao agricultor. Atualmente, produzir castanhas é mais rentável que produzir batata ou centeio
 

Será a castanha o ouro dos agricultores transmontanos?  O senhor João, de Argemil, no seu souto, está na expetativa de apanhar uma tonelada. Como diz, e bem, a castanha não dá trabalho e não carece de adubos como a batata e o centeio. Basta apanhá-la!




sábado, 2 de novembro de 2013

Dia de Fieis Defuntos

Romagem ao cemitério

A presença dos ausentes

Partida da procissão, a seguir à missa, celebrada por intenção dos fieis defuntos.



Chova, faça frio ou sol, há sempre muitas pessoas a participar nesta tradição religiosa, de visita ao cemitério, no Dia dos Mortos


Nos dias que antecedem os Finados, os familiares, para amenizar a dor irreparável e diminuir a saudade, limpam jazigos, levam flores, acendem velas, rezam...


Proximidade com os seus defuntos.





Reencontros.







 

Querido filho

Quem crê em mim, viverá eternamente