terça-feira, 25 de outubro de 2011

Uma Mulher de Garra

Rostos de Travancas

Senhora dona Joaquina
Mulher destemida e determinada.


Frágil na aparência, mulher de força.


Forte, nos seus oitenta e tal anos, a picar a lenha.


Mulher de  tímida candura, nos sulcos da face, no olhar,  na voz...
´Mulher três vezes santa: na dor, no sofrimento e na alegria´.
Cecília Meireles


Homem da casa, depois de ter sido esposa, mãe e avó de entes ausentes.


Cargo pesado para mulher só, nem soberba nem humilde, mulher com dignidade.


Frases e poemas de Cecília Meireles
Poetisa brasileira



Pus-me a cantar minha pena
Com uma palavra tão doce
De maneira tão serena
Que até Deus pensou
Que fosse felicidade e não pena




Viajo sozinha com o meu coração.







Levo o meu rumo na minha mão








És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.



Ils viendront!
Eles virão!


domingo, 16 de outubro de 2011

Guida da Libânia partiu

Mar de gente no funeral

"Dos teus pais", Libânia e Manuel Gonçalves


Realizou-se hoje no cemitério de Travancas o funeral de Guida Alexandre de Jesus Gonçalves, jovem de 24 anos, vítima de doença prolongada. 


Numa última e comovente homenagem, colegas da faculdade, à saída da igreja, onde foi rezada missa de corpo presente, estendem as capas de estudante à passagem dos restos mortais da amiga.


Aos familiares, amigos e vizinhos juntou-se, na dor, muito povo vindo da cidade de Chaves, das aldeias ao redor e da Galiza.  


Foram centenas, algo nunca visto em Travancas, aqueles que participaram na cerimónia fúnebre. Quando o carro funerário chegou à entrada do cemitério ainda a Rua 5 de Outubro estava cheia. Com tanta gente a vir a Travancas também os carros inundaram ruas, praças e a estrada.


Flores, muitas coroas e ramos de flores, para quem partiu para junto de Deus na flor da idade.

Mas Guida estará sempre viva no coração daqueles que com ela partilharam alegrias e tristezas.

Aos pais e irmão, sentidos sentimentos.




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Pintor de Argemil

Autodidata

Chama-se Luís
Luís Carlos Batista, 24 anos

Começou a desenhar na escola primária. Quando regressavam dos passeios fazia 'desenhos que ficavam sempre na parede'.


Na primária descobriu 'que gostava de desenhar. Ao princípio era com lápis de cor e depois com carvão, na telescola' - 5º  e 6º anos - em São Vicente.

Nesse tempo ´Copiava desenhos animados que via na TV'.

'No 6º ano, o professor fez um concurso para ver quem desenhava melhor. No fim ganhei eu'.
O Luis vive, com os pais e a irmã, em Argemil da Raia, freguesia de Travancas. Às vezes, como na campanha da maçã, na Galiza, faz jeiras para ajudar a família.






No verão passado, trabalhou como empregado de mesa no Café Geraldes em Chaves, onde teve quadros expostos, ao lado do quadro de Mário Lino, pintor flaviense. Não o conhece mas gosta das cores do artista.


 
 
 
 
 
 
 
No ensino unificado - 7º , 8º e 9º anos - estudou em Chaves, na Escola Dr. António Granjo. Nessa altura fazia desenhos a carvão e com tinta.




Tinha sempre a nota máxima a Educação Visual e a Tecnologia. 'O professor não me dava mais porque não podia', recorda, embevecido, os tempos em que o professor o ajudou a fazer uma exposição individual, na escola.

O Luís não fez o ensino secundário - 10º, 11º e 12º anos, porque o curso de Desenho Gráfco, que pretendia seguir, só existia no Porto e em Lisboa e a família não dispunha de meios económicos, para o mandar estudar.  Ficou na aldeia, de onde emigrou para Madrid e por lá permaneceu alguns anos.



Sensibilidade artística
 
 
O Luís é um rapaz sociável, dando-se bem com os moços e moças da terra, como aliás acontecera na escola, onde teve bom relacionamento com os professores.

 
No dia a dia, concilia um visual moderno, com a preservação de valores tradicionais como a família, a amizade e a prática religiosa. Em 2008, foi padrinho de crisma de um amigo.


A pintura do jovem artista está carregada de erotismo. Retrata nús femininos que evidenciam graciosidade e  leveza.
 
 
Gosta de pintar flores, especialmente jarros brancos e antúrios vermelhos, flores que no plano simbólico aparecem associadas à pureza e à paixão.


A própria forma das flores sugere uma cópula vaginal.

Potro, garanhão




É na tela da palete do atelier improvisado, na lareira da casa paterna, que Luis  retrata emoções,  sentimentos, ideias e visões de um mundo real ou imaginário.


'Gosto de pintar paisagens', segreda-me.


Paisagem ao luar

 Por-do-sol tropical



A sua obra reflete também a cultura transmontana em que está inserido.



Apesar da sua juventude, Luís já tem uma vasta obra feita que ultrapassa centenas de pinturas. No entanto nenhuma é a óleo. Sem dar explicações, diz-me apenas 'Não pinto a óleo, já pintei'.




Pinta grandes superfícies, como a parede exterior desta casa de Argemil.
A parede interior de um salão de cabeleireiro.


A decoração de um quarto de criança.


O jovem pintor faz trabalhos por encomenda. Faz de tudo. Tem divulgado a sua obra, num café de Argemil, no Geraldes de Chaves e na feira mensal de Travancas. Tudo começou no entanto em Madrid, no café onde trabalhou, graças ao patrão que o deixava expôr. Foi aliás, na capital espanhola que começou  a comprar pincéis, tintas, telas e a pintar lojas.




Projetos
Dadas as dificuldades que enfrenta, não faz parte dos projetos do pintor autodidata, retomar os estudos de artes gráficas.  No seu horizonte está a eventual realização de uma exposição conjunta com um pintor de Vila Real. O que o preocupa, como a todos os jovens, é obtenção de meios económicos que lhe permitam sobreviver sem a ajuda dos pais. Para isso, o seu objetivo passa por 'tentar ficar mais conhecido, ir à TV apresentar o trabalho'.
Quanto a mim, desejo que algum "olheiro" da pintura o descubra e que, além de o incentivar a conhecer grandes mestres da pintura universal: Picasso, Van Gogh, Michelangelo, ou transmontanos como Graça Morais, Nadir Afonso e Mário Lino, lhe dê a oportunidade de mostrar  o que vale.


Contato do pintor

telemóvel 93 467 99 17